No dia 9 de agosto estive presente no Encontro Nacional de Iniciação Científica da faculdade Claretiano.
Cursei nessa instituição a pós graduação em Arte e Educação e o trabalho final foi um artigo a respeito de adaptações para o fazer musical, relatando um estudo de caso de um paciente da AACD Poços de Caldas. Após a conclusão dessa pós, inscrevi o artigo nesse encontro, que é aberto para toda a comunidade científica nacional e contempla áreas variadas.
Foi um dia que muito me acrescentou e foi uma ótima experiência acadêmica.
Era exigido, além da apresentação oral, um pôster no formato digital ou impresso.
A linguagem utilizada esteve dentro da área pedagógica e não clínica, em vista de que o tema educação inclusiva estava dentro da temática principal: Arte e Educação.
Colocarei abaixo o artigo na íntegra do trabalho apresentado.
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A
EDUCAÇÃO MUSICAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ESTUDO DE CASO DA PRÁTICA
MUSICAL COM ADAPTAÇÕES PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Resumo
O presente trabalho traz o estudo de
caso de um jovem que após uma lesão cerebral teve seu lado direito do corpo
parcialmente paralisado. A partir de sua condição motora, adaptações foram
propostas para sua prática musical, dentro do Setor de Musicoterapia, da AACD
Poços de Caldas. Esse artigo está fundamentado nas leis que regem a educação
nacional, bem como autores que tratam da aprendizagem musical, tendo Louro como
principal referência. Está apoiado nos conceitos da educação inclusiva, que
definem o professor como agente e mediador dos conteúdos a todo tipo de aluno
e, para tanto, readequações e adaptações devem ser feitas diante das
necessidades e possibilidades desse aluno, priorizando o aprendizado efetivo e
significativo. Diante do que é discutido e relatado, esse estudo conclui que a
música deve fazer parte da formação de todo ser humano e isso também é
possível, inclusive, para pessoas com deficiência.
Palavras-chave: música nas escolas,
música para pessoas com deficiência, adaptações para pessoas com deficiência
física.
Palavras-chave: música nas escolas,
música para pessoas com deficiência, adaptações para pessoas com deficiência
física.
INTRODUÇÃO
A educação musical já esteve presente há tempos atrás na realidade
escolar dos alunos, mas sua inserção acontecia entre idas e vindas, de acordo
com os interesses do poder público. Hoje, é obrigatório
por lei que ela faça parte da grade curricular escolar. Outro processo que está
se solidificando com o passar dos anos é a inclusão escolar. Desse modo, a
educação musical deve chegar também aos alunos com deficiência.
É
importante dizermos que a música não deve ser uma linguagem restrita apenas a
talentos raros, formações extensas e a artistas.
Sendo
a música uma competência a ser desenvolvida em todo ser humano, a educação
musical surge como meio de se atingir isso.
No decorrer do trabalho, veremos autores que discutem e definem
premissas da Educação Musical, destacando sua importância.
A
música é um meio de expressão, uma linguagem artística e como tal, retrata o
contexto social que estamos vivendo. É um meio de comunicação entre os povos
para as ideologias, os fatos e as expectativas de cada grupo social.
Além
desse aspecto, a atividade musical promove o uso de diversas habilidades, como
a mobilização motora, a atenção, a concentração e a memória durante o fazer
musical, o raciocínio lógico e abstrato para a compreensão estrutural e lírica
das canções, o desenvolvimento da percepção estética e por fim, desperta
emoções e sentimentos.
Faz
se necessário então discutirmos e estudarmos a respeito das possibilidades
quanto às vivências culturais e estéticas na disciplina de Educação Musical em
uma turma regular que também contemple crianças e jovens com deficiência.
O
presente trabalho enfocará esses temas através do estudo de caso de J., que
após uma lesão cerebral precisou de adaptações para realizar sua prática
musical.
A
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A
criança de modo geral, para ter o desenvolvimento normal, necessita brincar e
experenciar situações que promovam seu aprendizado motor, cognitivo e
afetivo-social. Durante a vida, a forma de a pessoa interagir com o meio em que
vive se altera, mas a qualidade dessa interação sempre merece atenção para que possa
desempenhar suas funções sociais e seu desenvolvimento pessoal, de forma plena.
A
pessoa com deficiência processa o mundo através de seus déficits e tem que
desenvolver funções adaptativas para que se abram novos caminhos de seu
desenvolvimento.
Ela
experiencia o mundo de uma maneira toda particular. Suas habilidades em
explorar, interagir e dominar seu ambiente são comprometidas.
Sendo
a vida escolar uma das principais áreas de atuação e de formação de uma pessoa,
foi necessário estudar e modificar seus preceitos no decorrer da história, para
que as pessoas com deficiência também pudessem usufruir desse direito.
Até
meados da década de 50, pessoas com deficiência eram tratadas com segregação, por
meio do Paradigma de Institucionalização. Na década seguinte, iniciaram-se
discussões sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada em 1948
pela Organização das Nações Unidas (ONU), que previa o direito a igualdade
entre todas as pessoas, inclusive uma educação gratuita sem segregação. (LOURO,
2006)
Essas
discussões foram difundidas por todo o mundo e aqui no Brasil em 1961 a Lei nº 4.024,
pertencente à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), regulamentou
o direito à educação das pessoas com deficiência, preferencialmente no sistema
geral de ensino. Após isso, a Constituição Federal de 1988 definiu ainda em seu
artigo 205, “a educação como um direito de todos, garantindo o pleno
desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho”.
(BRASIL, 2007)
A
inclusão de alunos com deficiência em salas regulares foi definida como
obrigatoriedade a partir da “Declaração de Salamanca”, de 1994 (LOURO, 2012).
Esse documento prevê a universalização do acesso à educação, a promoção da
equidade e coloca a cargo das instituições de ensino a responsabilidade de
realizar adaptações para a pessoa com deficiência.
Na
atualidade, as crianças com deficiência devem fazer parte de salas regulares e
seus professores devem promover a inclusão social tanto nos conteúdos e métodos
de ensino, como na rotina escolar de modo geral.
Em
nossa atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o artigo 59 da Lei
nº 9.394/96 “preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos
currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas
necessidades”. (BRASIL, 2007)
Diante
de todas essas leis e documentos a respeito dos direitos da pessoa com
deficiência, há um movimento social cada vez mais expressivo a respeito da
Educação Inclusiva.
Em
2003, foi promovido um amplo processo de formação de gestores e educadores
através do Programa Educação Inclusiva:
direito à diversidade, como forma de garantir o direito a escolarização
para todos e a acessibilidade de acordo com as necessidades do aluno. No ano
seguinte, foi publicado o documento O
Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular,
para reafirmar as diretrizes mundiais da inclusão. (BRASIL, 2007)
A
partir de todo esse levantamento, fica evidente que as iniciativas legais já
foram feitas na busca pela Inclusão social na escola e a partir de então a
aplicação prática se faz necessária nos diferentes locais, em meio aos
diferentes contextos político, econômico e social. O que vem sendo discutido
nos documentos oficiais e publicações literárias é a necessidade de inserir a
Educação Especial dentro da Educação Inclusiva, de modo que a primeira seja
ferramenta para atender as especificidades dos alunos que possuem necessidades
educativas especiais, contribuindo para a aplicação prática da premissa de
igualdade a todos no decorrer do desenvolvimento pedagógico de qualquer pessoa.
Segundo
o documento que trata das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial da
Educação Básica (BRASIL, 2001), não é o aluno que deve se moldar à escola, e
sim a escola que deve estar à disposição do aluno, interferindo de maneira
positiva em seu desenvolvimento, promovendo a inclusão e adaptação quando
necessárias.
A
EDUCAÇÃO MUSICAL
Dentre
o conteúdo escolar que deve ser oferecido a todos, inclusive ao aluno com
deficiência, está a música. A Lei nº 11.769, de 2008 (MEC, 2008), torna essa
disciplina como algo obrigatório, com o objetivo de oferecer uma formação
integral para o aluno, articulando-a com outras dimensões artísticas e
estéticas, promovendo também o conhecimento da diversidade cultural nacional.
Podemos dizer que o foco não é então formar músicos profissionais, mas sim
proporcionar e estimular as competências básicas musicais de cada aluno.
Mas,
até algumas décadas atrás, o ensino de música já se iniciava enfocando a
técnica e parâmetros muito matemáticos, o que proporcionava ao novo aluno uma
autocensura muito severa, exaustão em seus estudos e assim crescentes
dificuldades para se adquirir o conhecimento musical. (LUZ, 2008)
A
alta dedicação, estudos profundos, constantes treinamentos são o cenário
daqueles que por motivos profissionais ou pessoais têm de desenvolver
habilidades musicais e aperfeiçoá-las cada vez mais, como no caso dos músicos e
dos musicoterapeutas.
Outro
aspecto que tem se vinculado ao ensino de música é o aprendizado de um
instrumento musical. A prática instrumental é apenas uma das maneiras de se fazer
música e não devemos sobrepô-la ao aprendizado sonoro-musical em si. (LOURO,
2006)
Partindo
do pressuposto de que aprender música é necessário ao desenvolvimento do ser
humano e parte de sua cultura, ele não deve se restringir a formação de um
músico profissional. Assim, a Educação Musical vem sendo transformada para
ensinar a todos uma pedagogia que enxergue o desenvolvimento musical de cada
indivíduo.
Hoje,
o licenciado em música deve atuar como agente da educação musical na sociedade,
promovendo a construção da autonomia e da cidadania dos alunos. (BRASIL, 2010)
Fonterrata
em seu livro sobre música e educação nos trouxe, em 2008, um apanhado de
métodos de educadores musicais, que tratam da diversidade e complexidade que o
fazer musical e sua aprendizagem promovem no ser humano. Podemos citar alguns
deles, como o músico Dalcroze, que propôs um método de ensino baseado no
movimento corporal e na habilidade de escuta, permitindo que os alunos
experimentassem sonoramente o que deviam escrever. Orff buscava integrar as
diversas expressões artísticas ao ensino musical baseado no ritmo, movimento e
improvisação, iniciando com elementos simples e de fácil assimilação. Paynter e
Self estabeleceram que a aula de música fosse a descoberta e o registro de
novos sons, mas deveria ir além, de modo a organizá-los como músicas e os
critérios de organização viriam da própria escuta. Por fim, Schafer, que
estimulava a exploração de novas fontes sonoras com seus alunos, onde as
sonoridades se tornavam fontes de prazer e levavam, através delas, a
compreensão de mundo. (FONTERRATA, 2008)
Ainda
se tratando de educadores musicais importantes, podemos citar Willems (LUZ,
2008), que partia com seus alunos da vivência concreta da música para alcançar
o abstrato sonoro, o que geraria uma passagem natural do instinto à consciência
e da consciência à motricidade.
O
ensino da música socialmente então propõe a sensibilização musical, como nos
métodos citados anteriormente, que fará com que a pessoa vivencie essa
linguagem artística, e assim, estimulará o desenvolvimento de várias faculdades
suas, como de raciocínio, percepção, comunicação, memória e criatividade.
Segundo
Brito (2011), outro notório educador musical foi Hans Joachim Koellreutter.
Para ele, o aprendizado musical tem função essencial na formação da
personalidade do ser humano, pois é ferramenta de desenvolvimento das
capacidades de percepção, comunicação, concentração, trabalho em equipe,
análise, síntese, autoconfiança, entre outras.
Koellreutter
embasava seu trabalho na observação do aluno e partia dele, de seu universo
cultural e conhecimentos prévios para desenvolver a aula. Dessa maneira, o foco
era nas necessidades e interesses que os alunos traziam, o que tornava o
aprendizado algo significativo e efetivo. (BRITO, 2011)
Esse
tipo de aprendizado acontece por meio de diferentes estímulos sonoros,
promovendo o estudo teórico e prático de suas propriedades. Estímulos sonoros
impressionam o sistema sensorial do ser humano e são tanto as músicas e
canções, como os sons e ruídos que nos cercam. Ao receber o estímulo sonoro,
complexos sistemas de recepção no ser humano são acionados, que poderão gerar
uma resposta motriz, sensitiva (arrepio, choro, riso), orgânica (aceleramento
cardíaco, sonolência), comunicativa (grito, choro, canto, dança, voz, música,
gesto) e de conduta.
Cada
propriedade do som e da música favorecerá assim diferentes atividades
cerebrais.
Segundo
Louro (2012), a compreensão rítmica requer que o aluno saiba agrupar, associar,
seqüenciar e classificar. Compreender ou realizar uma melodia requer noção de
altura e de sentido do som, aspectos que estão ligados à noção espacial e
lateralização. Ler uma partitura requer abstração. Desse modo, aprender e
vivenciar os elementos musicais favorecerá o desenvolvimento do aluno como um
todo.
A
criança com deficiência não deve ser privada desses estímulos e para tal, o
professor deve fazer atividades extras e adaptativas para atingir o objetivo da
disciplina de música. É importante inicialmente, potencializar a capacidade de
aprendizagem do aluno para que o conteúdo seja efetivo e concretizado.
Gardner
(Louro, 2012) nos coloca diante da teoria das inteligências múltiplas, em que a
Inteligência musical seria uma delas. Cada pessoa tem essas inteligências de
maneira latente e o desenvolvimento de cada uma dependerá do estímulo que lhe
será dado. Esse estímulo vem dos espaços sociais, culturais e familiares.
Assim,
podemos dizer que o professor deverá repensar e reorganizar tanto seu
conhecimento, quanto seu desempenho nas propostas pedagógicas para que seu
trabalho seja concretizado e abranja todos seus alunos, inclusive os que tenham
algum tipo de deficiência.
Uma das formas de concretizar seu
trabalho é se utilizar da Tecnologia Assistiva. A partir dela, objetos podem
ser confeccionados para otimizar a prática do aluno com deficiência, inclusive
para a prática musical.
Segundo Santos (in NASCIMENTO, 2009), a Tecnologia Assistiva busca o estímulo da
independência e da funcionalidade da pessoa com deficiência, dentro de uma
tarefa, de um método ou ainda de um meio ambiente. Dessa forma, um processo de
adaptação irá ajustar, acomodar e adequar o indivíduo à atividade que deseja
realizar.
Utilizando-se também da Tecnologia
Assistiva, Louro (2006) propôs alguns tipos de adaptações para as aulas de
Música e podemos destacar os quatro tipos principais:
·
Acesso ao currículo: são adaptações a
cargo dos âmbitos político e administrativo das escolas, em que modificações na
estrutura física, no mobiliário, em equipamentos e até mesmo cursos de
capacitação são oferecidos aos professores, para que os alunos com deficiência
possam ter acesso ao currículo estabelecido.
·
Objetivos e conteúdos: são adaptações
propostas em reuniões de professores e coordenadores da escola, para
estabelecer o que será trabalho com o aluno, de modo que suas potencialidades
sejam estimuladas.
·
Métodos de ensino e material: são adaptações
a cargo dos professores, para efetivar a aprendizagem do conteúdo
proposto. Ele irá se utilizar de
estratégias e materiais diferenciados, de acordo com as características de cada
aluno.
·
Arranjos musicais e técnicas: são
adaptações também a cargo dos professores, em que há alterações na obra
original ou na maneira de tocar, de modo que o tema principal seja mantido, mas
que a execução musical do aluno seja possível.
Embasados e amparados por todos esses
estudiosos e educadores, podemos perceber que o aprendizado e a prática musical
devem fazer parte do desenvolvimento de qualquer e todo ser humano, devendo
haver adaptações, quando necessário for, para que isso se concretize.
A história de J.
O presente estudo de caso, de cunho
descritivo, se destina a relatar e discutir o processo adaptativo da prática
musical de J., que tem 17 anos e possui o diagnóstico de hemiparesia direita e
afasia pós rompimento de aneurisma cerebral. Essa lesão aconteceu em 2011 e
resultou na deficiência física do tipo neurológica, que se caracteriza, segundo
Louro (2003) por afetar o Sistema Nervoso em alguma de suas estruturas,
prejudicando-lhe o funcionamento e, consequentemente, afetando outras
estruturas do corpo. No caso de J., afetou todo seu lado direito do corpo,
paralisando-o parcialmente, e causou também déficit na expressão de sua fala e
desde então, J. está passando pelo processo de reabilitação física.
Ele realiza esse tratamento na Associação
de Assistência à Criança Deficiente (AACD), unidade de Poços de Caldas, Minas
Gerais.
Segundo Nascimento (2009), a AACD surgiu
no estado e cidade de São Paulo, em 1950. Inicialmente, seu objetivo era
reabilitar pessoas com deficiência para as atividades do dia-a-dia, mas com o
passar dos tempos esse objetivo se expandiu para promover a inclusão social e cultural,
a educação formal e a independência para a vida diária.
O trabalho na AACD acontece através do
atendimento integrado de uma equipe multidisciplinar (Ares in Nascimento, 2009). Dentre os vários setores que compõem essa equipe,
há o de Musicoterapia.
O desenvolvimento artístico e cultural
sempre esteve presente na AACD desde sua fundação, mas foi apenas em 1984 que
surgiu o Setor de Recreação, em que os pacientes tinham atividades artísticas
diferenciadas nos intervalos entre os atendimentos. Após alguns anos, essa
prática se solidificou e foi percebido que a música poderia fazer parte das
terapias oferecidas pela instituição. Em 1994, surgiu então o Setor de
Musicoterapia, com o trabalho da musicoterapeuta Marilena do Nascimento.
(NASCIMENTO, 2009)
Hoje, essa instituição cresceu e esse
trabalho multidisciplinar acontece em mais doze unidades, dentre elas a de
Poços de Caldas, Minas Gerais, que foi inaugurada em 25 de fevereiro de 2011,
como nos traz o site institucional www.aacd.org.br.
E foi nessa unidade, no Setor de
Musicoterapia, que as adaptações para a prática musical de J. foram realizadas.
J. sempre gostou muito de música, com
preferência pelo estilo rock. Antes da lesão, participava de uma banda com
amigos seus e sabia tocar violão e bateria. Sua dominância de membro superior
antes da lesão era direita, mas hoje está desenvolvendo a movimentação principal
do lado esquerdo.
Iniciou atendimentos no Setor de
Musicoterapia em julho de 2013, tendo como objetivos principais o estímulo da
fala através do canto e o desenvolvimento de adaptações para a prática musical
instrumental.
Figura 1. Adaptação para violão
Figura 2. Adaptação para bateria
Figura 3. Adaptação para bateria
Dentro da Tecnologia Assistiva, foram
confeccionadas adaptações para a execução instrumental do violão e da bateria,
em parceria com o Setor de Terapia Ocupacional da instituição. Segundo a
classificação que nos é trazida por Louro (2006), essas adaptações se enquadram
dentro da categoria individualizada e específica, pois foram confeccionadas
para um caso específico e para desempenho em uma única atividade, no caso, a
prática musical.
Para a confecção dessas adaptações
(figuras 1, 2 e 3) diversos testes foram feitos pela musicoterapeuta e pela
terapeuta ocupacional junto de J. visando um bom desempenho funcional de seus
membros superiores, bem como a preservação da qualidade sonora da expressão
instrumental. Após prontas, o treinamento dessas adaptações foi feito pela
musicoterapeuta junto de J., como parte final para o uso funcional nos
instrumentos musicais.
Além desses objetos, foram feitas
adaptações na execução das canções, alterando o andamento original, de modo a
deixa-lo mais lento. Essa mudança foi feita por
dois motivos. O primeiro foi para facilitar a pronúncia das palavras e o canto
e, de fato, J. conseguiu cantar as músicas em sua íntegra, mesmo com o
diagnóstico de afasia de expressão. O segundo motivo foi para treinar as
adaptações, de maneira a retomar a execução instrumental de maneira efetiva,
respeitando as diferentes marcações rítmicas.
O paciente terá alta do Setor de
Musicoterapia em breve e hoje utiliza as adaptações nos instrumentos com
facilidade e a execução das canções estão bem próximas da dinâmica das
gravações originais.
MUSICOTERAPIA
A Musicoterapia é o uso profissional de música e
seus elementos como uma intervenção em ambientes médicos e diários com
indivíduos, com os grupos, com as famílias ou com as comunidades que procuram
otimizar sua qualidade de vida e melhorar seu físico, seu social, sua
comunicação, seu emocional, o intelectual, espiritual e de saúde e bem-estar. A
investigação, a prática, a educação e a instrução clínica na musicoterapia são
baseadas em padrões profissionais conforme contextos culturais, sociais e
políticos.
(Federação
Mundial de Musicoterapia – WFMT, 2011).
De acordo com o site institucional da
Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São
Paulo (www.apemesp.com), a
Musicoterapia é uma carreira de nível superior, reconhecida no parecer 829/78,
do Conselho Federal de Educação. Mundialmente, a Musicoterapia existe de
maneira oficial, desde quando foi utilizada na reabilitação e recuperação de
soldados feridos da Segunda Guerra Mundial.
Ainda de acordo com a Apemesp, a
Musicoterapia pode ser empregada em Clínicas e Hospitais Psiquiátricos,
Clínicas Multidisciplinares, Clínicas Geriátricas, Hospitais Clínico-Gerais,
Hospitais Dia, Centro e Instituições de Reabilitação, Escolas Regulares e
Especiais, Instituições Sociais e Públicas, Consultórios Particulares e
Empresas.
Seu código brasileiro de ocupação
atualmente é 2263-05, dentro da categoria de Profissionais das Terapias
Criativas e Equoterápicas, tendo como atribuições tanto o atendimento
terapêutico aos pacientes, como orientações, visando a promoção de saúde e a
qualidade de vida. (BRASIL, 2002)
O musicoterapeuta é então um agente da
área da saúde, “capacitado a inserir o paciente(s) e cliente(s) em processos de
experiências musicais para facilitar e promover a expressão e organização
física, emocional, mental, social e cognitiva”. (UBAM - Grupo de Trabalho sobre
Políticas Públicas, 2010).
Dessa forma, seu foco não está no
processo pedagógico ou escolar, mas pode influenciar e auxiliar o paciente
dentro do processo de aprendizagem nesses contextos.
Segundo Louro (2003), no trabalho do
Setor de Musicoterapia na AACD “o enfoque terapêutico e pedagógico caminham
paralelamente”, de modo que “misturam-se de tal forma que se torna quase
impossível diferenciá-los, sem que signifique a mesma coisa”.
Viana (2013) nos traz dados de
várias pesquisas e uma delas trata justamente da necessidade de haver uma
relação entre as diversas disciplinas escolares, inclusive a de música, com a
comunidade de Educação Especial. Os musicoterapeutas fazem parte dessa
comunidade de Educação Especial e poderiam auxiliar educadores musicais na
consulta e atualização de tendências para lidar com esse público.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Diante do presente trabalho pudemos
discutir e trazer registros de adaptações que podem ser utilizadas durante as
aulas de música nas escolas.
As adaptações foram feitas no Setor de
Musicoterapia, mas o propósito era atender uma demanda também pedagógica do
paciente. Dessa forma, sua relação com a Educação Inclusiva e com a Educação
Musical é direta.
Outro ponto que podemos destacar é que
geralmente, um aluno que tenha algum tipo de deficiência, que o torna portador
de necessidades educativas especiais, é acompanhado por uma equipe clínica
externa a sua escola. Essa equipe pode trabalhar em parceria com a escola e
auxiliar na confecção de adaptações, como acontece na AACD.
Mas, como já foi mencionado no trabalho,
fica a cargo do professor propor as adaptações na metodologia e na prática
musical, pois ele é quem poderá observar seu aluno e seus potenciais frente aos
conteúdos propostos.
O professor tem cada vez mais
atribuições diferentes em sua prática diária em comparação com tempos passados
e intervenções como a que foi descrita nesse estudo, bem como as que foram
levantadas do que os profissionais da Educação Musical já vêm fazendo, nos dão
caminhos e alternativas possíveis de serem realizadas e concretizadas no
dia-a-dia escolar.
Assim como os documentos oficiais de
nosso país sobre a Educação Formal estabelecem a cerca da ação em sala de aula
do professor, devemos nos virar para os preceitos de adaptar e transformar os
conteúdos e as práticas de acordo com as possibilidades e necessidades de nossos
alunos, e não o contrário.
Estejamos certos de que dentre essas
necessidades está o desenvolvimento musical, tão importante e significativo
para a formação de suas múltiplas inteligências, e sua atuação no mundo
enquanto cidadão dentro dos contextos pessoal, social, cultural e político.
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DE MUSICOTERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO-APEMESP. Musicoterapia - O que
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Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva.
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UBAM - Grupo de Trabalho sobre Políticas Públicas 2010. No prelo
BRITO, T. A. O humano como objetivo da educação
musical: o pensamento pedagógico-musical de Hans Joachim Koellreutter. 2011. Acessado
em 10 de maio de 2014. Disponível em: <http://www.galileo.edu/esa/files/2011/12/3.-O-HUMANO-COMO-OBJETIVO-DA-EDUCA%C3%87%C3%83O-MUSICAL-Teca-Brito.pdf>
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